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AI
TÁ
NEM
AÍ
PARA
O
AI
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DA
GENTE
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Este espaço pretende acolher a maior diversidade de texto possível (verbal, pictórico, musical... ou híbrido de linguagens) para fruição e posterior reflexão. Aqui, o texto será semiotizado, num percurso que vai da substância à forma, da expressão ao conteúdo, e vice-versa. Este é um lugar de exercício para a habilidade textualizante humana e para o debate de questões atinentes à produção e à interpretação do sentido.
Ouça aqui bem, meu amigo,
O que lhe tenho a contar.
O meu limoeiro antigo
Cedo cuidei de podar.
A tesoura então eu peguei
Para os seus galhos cortar
E estranha coisa topei.
Passo agora a relatar.
Veja, meu amigo, você
Pode até não acreditar.
Era tamanho GG
Do design nem vou falar.
Cerzida em tecido rosa
Com o verde a contrastar
Coisa mesmo curiosa
Para num limoeiro estar.
Ei-la diante de mim
Se me dando ao olhar.
Tomou-me a dúvida assim:
"Devo pegar, não pegar?"
Nas mãos agora eu tinha
Algo para matutar.
Como é que uma calcinha
Vai num limoeiro parar?
Pertenceria à vizinha
Dona do segundo andar
Ou à francesa que vinha
Em Fortaleza estudar?
De qual delas duas não sei
Com certeza precisar.
Sei que oferecida a achei
No limoeiro a se dar.
Assumo entanto que mais
E vou a você confessar
A mim muito mais me apraz
Calcinha a cueca encontrar.
Fértil minha cabecinha
Deu então de cogitar
Com muitos pés de calcinha
Um generoso pomar.
Resumo enfim o roteiro:
Absorto a imaginar
Fiquei o meu limoeiro
Esquecido de podar.
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Eis-nos aqui, a sua descendência, diante da "falta que ama" a adensar-se pouco a pouco numa espécie de conta-gotas invertido a preencher-nos de mais falta a cada nova lágrima vertida. Eis-nos, a sua descendência, diante da falta do para onde ir, da falta colo matricial, da falta regaço absoluto, sempre à disposição e eternamente acolhedor. Eis-nos aqui diante da falta mãe.
Para mim, não há mais o distrair-se do desamparo a não ser na companhia de Jesus e Deus com Nossa Senhora passando à frente, como minha mãezinha recomendava nas despedidas. Partiu a mãe de um menino em cujas orações pueris estava, mais do que o pedido, a súplica para partir antes. Um caso edipiano clássico, eu sei. Mas minha Jocasta morreu e eu não me tornei cego. Então, porque ainda vejo, e agora mais complexamente do que via quando menino, sigo, muito menos sabido e um tiquinho mais sábio, com Jesus, Deus e Nossa Senhora à frente, sob os cuidados de minha mãezinha. E em sua honra e em seu louvor, hei de viver.
Falo não só em meu nome, Dona Ivone, mas no de suas filhas, de seus netos e netas, de seu bisneto. No final, amada e nobre matriarca, tudo há de ser mesmo muito bom para quem concedeu-nos a dádiva da vida. Os seus seguiremos com o exemplo de amor, dedicação e força que a senhora sempre foi. Ficaremos para preservar sua memória no “mais que humano em nós”. Obrigados, nobre senhora, muitos obrigados.
Segue o poema de dia das mães inspirado sobretudo na senhora, mãe.